terça-feira, 5 de abril de 2011

Sou Uma Fachada e outros poemas curtos



Sou Uma Fachada


Sou uma fachada

Sem janelas e portas

E mesmo à entrada

Tenho extensas raízes mortas.


Sem teto, paredes e chão,

A chuva mina-me os alicerces.

Em vista de tão ténue construção;

Treme! Aí tens o que mereces!


Ânsia


Almejo a rude dureza,

Desejo a insensível aspereza,

A bruta rispidez e a incómoda franqueza.



Desprezo a voluptuosa macieza

Que me doura os sentidos,

Abomino a suavidade que reveste esta tristeza

E a enganosa ternura que me adoça estes sonhos perdidos.



Estupidez


Como herdei esta estupidez

É algo que me ultrapassa;

Destino, fado ou insensatez,

O certo é que a razão é escassa.


Anseio pela conformidade da vida prática,

Despojar-me deste corpo emotivo

Aplicando com rigor a velha máxima

Do claro, correcto e conciso...



Como Se Fosse Um Pássaro


A proteção de duas almas aladas

O pequeno pássaro rubro não teme,

Os raios intensos de frases cortadas,

Só com essas mágoas dispersas ele freme.


Enquanto vive é àgil e certeiro,

Canta e chora, sussurra e grita.

Quando chega é novo e sempre o primeiro,

Ao partir imortaliza a saudade que fica.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Overshadow


Overshadow


There is Lettice and Lovage by Shaffer,

But black knights and Lancelot are tougher;


Children singing cílíum, actínium

And crispy chocolate serum;


The burning sky and lightning storm change

With noises of, it´s awfully strange!


Sheep slowly crossing along the way

And waving dolls in a row waiting to play;


Eyebrows standing in a strand

And chubby babies swimming to a foreign land;


Now, the airplanes flying without wings

Swap to shameless widows with insinuating swings;


Twelve angry men are standing backdoor

While a strange laugh sounds outdoor;


A fussy sound so distante, like a yawn

And suddenly I woke up and everything was gone...